Sem aviso, a Facebook anunciou através do próprio Mark Zuckerberg um Rebranding para a sua marca corporativa.
A empresa Facebook, deixa de existir.
Segue-se a Meta.
Alguns semanas já lá vão, já todos tivemos tempo de a mastigar e digerir.
E durante este tempo lembrei-me de uma ideia que já vi escrita algures:
O Facebook não é popular por natureza.
É apenas a resposta mais fácil.
Está convenientemente perto e acessível.
E este Rebranding parece-me que vem reforçar esta ideia.
Acompanha-me:
1. O MOTIVO
A empresa confundia-se com um dos seus produtos.
Havia “o” Facebook e “a” Facebook.
Uma contaminava a outra. Para o bem e para o mal.
Esta separação permitirá que ações corporativas não interfiram com o seu produto estrela (seguindo a matriz BCG será mais adequado chamar-lhe de vaca leiteira).
Ou que o declínio (*), inconsequências, escândalos ou cabalas relacionados com um produto não interfiram com o macro plano da empresa.
A nova marca será assim uma House of Brands (como uma Unilever ou uma Procter & Gamble), permitindo aos seus produtos emanciparem-se totalmente.
Nada de novo (a Google virar Alphabet é um exemplo recente), nada de genial.
Mas lógico e necessário
* Queda premeditada ou apenas assumida?
2. O MOTIVO #2: A TRAPALHADA
Mas o processo de contaminação já tinha começado.
O Facebook caminhava de polémica em polémica.
Privacidade começou a ser o seu anticristo e facebook uma palavra proscrita para os paladinos de uma internet mais segura , informada e responsável.
Qual poderá ser a consequência desta gigantesca mancha reputacional, deste cadastro para a marca, para os seus outros produtos (instagram e whats app à cabeça)?
Por isso separar as águas para que umas não inquinassem outras, mais do que um exercício teórico, passou a ser um exercício prático.
Necessário e Lógico.
3. O PROPÓSITO
Começa o processo de Rebranding.
Normalmente o consumidor não quer saber das empresas por trás das marcas.
Mas os investidores sim. E os parceiros. E as equipas.
(e ao comunicar esta mudança ao mundo, também os mais atentos consumidores e críticos)
E qual foiaqui o propósito escolhido, a “Estrela do Norte” como a ele se referiu o Mark Zuckerberg?
Uma tecnologia, ainda em desenvolvimento e amadurecimento.
Uma espécie de apartamento modelo de um empreendimento por nascer.
O Metaverso.
Os problemas?
- Poderia ter sido dado um passo rumo à humanização da empresa.
Um propósito que mostrasse, para dentro e para fora desta mega corp, o empenho da Facebook em ligar-se aos medos e ansiedades dos seus utilizadores face à desconfiança gerada ultimamente.
Fazer um raport à sua missão de “Ligar as pessoas”. - Num contexto de mudança tão rápido colar a empresa a uma única visão tecnológica não poderá levar a uma proposta de valor redutora para um gigante mundial?
Sem dúvida uma decisão lógica. Mas questionável.
4. O NOME
O nome? Meta.
Se vão ser “Metaverse first”, claro, faz sentido…
É Logíco. Mas aborrecido.
Nota:
Numa marca global, o significado do seu nome tem de ser visto a um nível global.
E aqui alguma coisa falhou.
5. O LOGO
Falta diferenciação no conceito gráfico e arrojo na execução.
O símbolo matemático do infinito?
Poderiam ter ido mais além, mas preferiram um mínimo denominador comum.
E puseram-se a jeito:
Falta algo único.
Falta um multiplicador, um catalisador que nos cause algum tipo de sensação.
Mas talvez a solução encontrada até possa ser o que pretendiam.
Uma solução lógica. Mas sem personalidade.
Conclusão:
Uma oportunidade perdida. Logicamente.
PS – Gostaste de ver o Mark em versão Avatar do James Cameron?